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BOAS FESTAS BLOGUISTAS

AMIGOS BLOGUISTAS
"COISASD'ABRANTES" despede-se de todos os que tiveram a amabilidade de visitar este Blog durante 2008/2009 (14.380 visitantes). No mês de Janeiro voltarei com com a publicaçao da II e última parte de uma história (real) vivida na I Grande Guerra 1914/1918, por um Combatente de Abrantes: "O DIÁRIO DE UM COMBATENTE".
Até lá visite as páginas do COISASD’ABRANTES.
NOTA: Os links sobre a História da Sub-Agência da Liga dos Combatentes (1923/2005), vão continuar bloqueados. Daqui a algum tempo direi neste blog a razão porque bloqueei as referidas páginas - O Autor da História José Manuel d'Oliveira Vieira.
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ANO 2008 MÊS MAIO
ASSUNTO: PEDRA QUE SERVIU D. JOÃO I EM ABRANTES – AS EDIFICAÇÕES EXISTENTES E A HISTÓRIA DO CASTELO
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ANO 2008 MÊS MAIO
ASSUNTO: ABRANTES "CRISÂNTEMOS e PLACAS AJARDINADAS "
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ANO 2008 MÊS MAIO
ASSUNTO: ABRANTES – RELÓGIO DE SOL VERTICAL (I) E (II)
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ANO 2008 MÊS MAIO
ASSUNTO: DR. AUGUSTO DA SILVA MARTINS – COMBATENTE, MÉDICO E DESPORTISTA
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ANO 2008 MÊS MAIO
ASSUNTO: UNIDADES E PONTES MILITARES EM ABRANTES – SÉCULO XVIII/XIX
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ANO 2008 MÊS MAIO
ASSUNTO: ABRANTES DE ONTEM E DE HOJE... (PARTE I) (a)
(a) – Ver parte (II) Março 2009
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ANO 2008 MÊS JUNHO
ASSUNTO: HISTÓRIA DA LIGA DOS COMBATENTES – CAPITULO I – II – III (a) (b) (c)
(a) – Ver capítulo (IV – V – VI) Outubro 2008
(b) – Ver capítulo (VII) Janeiro 2009
(c) – Ver capítulo (VIII) Fevereiro 2009
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ANO 2008 MÊS JULHO
ASSUNTO: CISTERNAS DE ABRANTES (I)
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ANO 2008 MÊS JULHO
ASSUNTO: BOMBA!...
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ANO 2008 MÊS AGOSTO
ASSUNTO: ABRANTES – FONTES E LAVADOUROS
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ANO 2008 MÊS AGOSTO
ASSUNTO: CORETOS DO CONCELHO DE ABRANTES
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ANO 2008 MÊS SETEMBRO
ASSUNTO: ABRANTES – ÓRGÃOS DE TUBOS
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ANO 2008 MÊS OUTUBRO
ASSUNTO: ABRANTES INAUGURA A SUA PRAÇA DE TOUROS (8 DE JULHO DE 1900)
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ANO 2008 MÊS OUTUBRO
ASSUNTO: HISTÓRIA DA LIGA DOS COMBATENTES – CAPITULO IV – V – VI
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ANO 2008 MÊS NOVEMBRO
ASSUNTO: COMPANHIA DE MOAGEM DE ABRANTES "ANTIGA MOAGEM AFONSO XIII"
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ANO 2008 MÊS DEZEMBRO
ASSUNTO: ABRANTES – AQUI ACABOU A HISTÓRIA... UMA PLACA INCÓMODA NA PRAÇA DA REPÚBLICA (NO MONUMENTO AOS M.G.G. DESDE 1948)
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ANO 2009 MÊS JANEIRO
ASSUNTO: MAESTRO HENRIQUE SANTOS SILVA – RECUPERAÇÃO DE UM ESPÓLIO
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ANO 2009 MÊS JANEIRO
ASSUNTO: HISTÓRIA DA LIGA DOS COMBATENTES – CAPITULO VII
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ANO 2009 MÊS FEVEREIRO
ASSUNTO: HISTÓRIA DA LIGA DOS COMBATENTES – CAPITULO VIII (último)
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ANO 2009 MÊS MARÇO
ASSUNTO: LIGA DOS AMIGOS DE ABRANTES
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ANO 2009 MÊS MARÇO
ASSUNTO: ABRANTES DE ONTEM E DE HOJE… (PARTE II)
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ANO 2009 MÊS ABRIL
ASSUNTO: ABRANTES – 25 DE NOVEMBRO DE 1975
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ANO 2009 MÊS MAIO
ASSUNTO: FORAL DA RIBEIRA GRANDE – DADO POR D. MANUEL I EM ABRANTES
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ANO 2009 MÊS JUNHO
ASSUNTO: ABRANTES – CVTº DE SANTO ANTÓNIO
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ANO 2009 MÊS JULHO
ASSUNTO: CASA/ERMIDA SENHOR/A DOS REMÉDIOS E REDUTO MILITAR
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ANO 2009 MÊS OUTUBRO
ASSUNTO: ERMIDA S. JOÃP DOS BEM CASADOS – ALFERRAREDE VELHA – ABRANTES
LINK:http://coisasdeabrantes.blogspot.com/2009/10/ermida-de-s-joao-dos-bem-casados.html
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ANO 2009 MÊS OUTUBRO
ASSUNTO: ABRANTES DE ONTEM E DE HOJE… (PARTE III)
LINK: http://coisasdeabrantes.blogspot.com/2009/10/abrantes-de-ontem-e-de-hoje-iii.html
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ANO 2009 MÊS NOVEMBRO
ASSUNTO: DIÁRIO DE UM COMBATENTE (I)
LINK: http://coisasdeabrantes.blogspot.com/2009/11/diario-de-um-combatente-i.html
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ANO 2009 MÊS DEZEMBRO
ASSUNTO: BOAS FESTAS BOGUISTAS

DIÁRIO DE UM COMBATENTE I

EXPEDIÇÃO A MOÇAMBIQUE (1916)
Por: José Manuel d’Oliveira Vieira
(Artigo publicado no "Jornal de Alferrarede" Nº 270Abr2008)

“…ordeno a V. Ex.ª faça directa e telegraficamente Lisboa pedidos necessários mobilização de forças…”
Assim dizia o telegrama enviado pelo Governador de Moçambique para Comandante da expedição portuguesa, quando tomou conhecimento da declaração de Guerra da Alemanha a Portugal, no dia 9 de Março de 1916.

Mapa de Operações 1916

Um mês e nove dias depois (19 de Abril de 1916), já a 5ª Bateria Expedicionária a Moçambique do Regimento de Artilharia de Montanha* da qual fazia parte o Sargento Alfredo Alves da Silva se encontrava na foz do Rovuma, Kionga.

Alfredo Alves da Silva

Kionga - Trincheira 1916

Os acontecimentos que a seguir se descrevem fazem parte de uma velha agenda de 1912, reconvertida para 1916. Nesta “agenda” e nas “cartas – mensagens” guardadas durante 92 anos, Alfredo Alves da Silva, que foi Sócio nº 133 da Sub-Agência da Liga dos Combatentes da Grande Guerra de Abrantes, anotou o inferno que foi combater os alemães nas margens do Rio Rovuma, quando Angola e Moçambique estavam nos projectos expansionistas da Alemanha:

DIÁRIO

ABRIL
19 - Marcha da divisão d’artilharia 7cm m/82 para Kionga**.
MAIO
1 - Marcha de Kionga para Namôto.
5 - Marcha de Namôto** para Namaca* com 1 peça para bombardear quartel e fábrica margem esquerda Rovuma, retirando à noite com chuva e passagem rio braço mar.
6 - Marcha de Namôto para o posto de Metchimo-Nachinomoca**, pelas 15h. Passagem pântano aproximadamente 1 km e 2 ribeiras, chegada ao posto pelas 20 h (1 peça).
7 - Bombardeamento do quartel que fica defronte posto pelas 6 h (11 tiros g. b.) distância 1600-1700.
8 - Demos 2 tiros para o mesmo quartel alemão pelas 5h ½. A esta mesma hora ouviu-se grande tiroteio no posto de Nhica**, sabendo-se mais tarde que alemães tinham atacado mesmo posto com 2 metralhadoras e alguma infantaria como represália por termos ontem bombardeado o quartel.
9 - Do ataque que ontem houve em Nhica morreu 1 sargento e 11 feridos, prestando nossas forças (1 pelotão Infantaria 60 praças). Neste ataque apoderamo-nos de um preto que morreu a pouca distância do posto. Tinha arma Mauser de 1915 calibre é de 7,92.
16 - Ouviu-se pelas 6 h aproximadamente 6 tiros em 2 grupos, julgando nós que os alemães quisessem atingir a vedeta nº 3 (1).
21 - Como medida de precaução (toda a companhia) indígena estava em armas para de pronto ocupar as trincheiras do lado que fosse atacado todos os dias das 3 ½ para as 4 ia juntamente com guarnições peça (4 homens) para a trincheira.
27 - Ouviu-se neste posto grande bombardeamento pelas 6 h, sabendo-se mais tarde que era o “Adamastor” (2) e “Chaimite” (3) que estava metralhando p/posto fronteiriço da Namaca (Quartel e Fábrica) (4).
28 - As peças de 7 cm bombardearam o quartel e fábrica, ao bombardeamento os alemães não responderam o que dava a impressão de que aquele posto estava desguarnecido.
29 - Novo bombardeamento para o mesmo posto alemão, a seguir a isto atravessava o rio 2 lanchas, a da frente com indígenas a da retaguarda com europeus, os alemães que se achavam entrincheirados deixaram aproximar as lanchas e abriram fogo com metralhadoras, havendo muitos feridos, 1 capitão metralhadoras Alpoim desaparecido, 3 tenentes feridos gravemente, 1 sargento morto, isto é o que consta. Este desastre foi motivado por alguns oficiais afirmarem que não existia alemão algum no posto.
31 - Seriam quase 23 horas a vedeta nº 8 deu um tiro numa hiena, por ela se ter aproximado bastante da mesma vedeta.

França 1918

JUNHO
4 - Ouvi dizer que alemães tinham 1 peça vinda do interior, comandante da Chaimite e 1 guarda marinha prisioneiros dos alemães.
5 - Da 1 e meia para as 2 h ouviu-se uns tiros dados por uma vedeta, sabendo-se mais tarde que era um cavalo-marinho. (É claro que cada um foi ocupar os seus postos nas trincheiras retirando ½ h depois quando se soube a causa dos tiros).
6 - Pelas 5 ½ ouviram-se uns tiros do lado dos alemães ao que uma força que estava no posto nº 1 respondeu, nesta ocasião também se ouviu metralhadora, este tiroteio foi devido a guarda ao posto se pôr um pouco a descoberto do caminho na ocasião que recolhia ao acampamento.
7 - Repetiu-se a mesma cena mas com menos fogos. Pelas 20 h chegaram a este posto (Nachinamóco) duas peças de marinha de 37mm.
10 - A peça que aqui se achava desde 6 de Maio findo retirou para Namaca a fim de se incorporar na bateria, com excepção do pessoal. De manhã foi encontrado morto o cavalo-marinho, aquele que uma patrulha e não a vedeta fez fogo no dia 5. Pelas 7 ½ passou neste acampamento um pelotão de infantaria a cavalo G.R. Lourenço Marques para Namôto.
13 - Das 4 para as 4 ½ ouviu-se grande bombardeamento para os lados de Namaca que se prolongou até às 11 h, sabendo-se mais tarde que os alemães tinham atacado o posto pela retaguarda ocupando trincheiras e claro que tudo estava dormindo a esta hora o que não deve ser, pois que em geral eles atacam sempre quando amanhece, em conclusão deste assalto ficaram mortos dois soldados de artilharia e um de infantaria, levando os alemães como prisioneiros um tenente de infantaria e alguns soldados de infantaria, dizem que as mortes foram por meio de bomba.

15 - Muito próximo das 5 h ouviu-se grande troca de tiros no posto nº 1 indo uma força de comando de oficial em auxílio da força que está no posto, mas o ataque foi pequeno pois que os alemães logo que fazem partida não se fazem esperar regressam logo à outra margem, neste ataque ficou o 1º sargento (Mendes de infantaria) ferido nas nádegas tendo de abandonar o posto, porque a maioria dos saldados não sabendo fazer fogo, pois quando o fazem escondem a cabeça e nem chegam (algum..!) a fazer pontaria.
17 - Seriam 0,h30 uma das vedetas deram um tiro numa das praças da patrulha de ronda motivado por a mesma patrulha trocar o itinerário do giro. Pelas 5 h pouco mais ou menos ouviu-se grande tiroteio no posto nº 1 marchou uma força de oficial em auxílio, mas triste é dize-lo encontrou 3 mortos 1 cabo europeu e 2 indígenas 3 feridos e 1 dos homens da patrulha de ronda foi feito prisioneiro, tanto dos mortos como dos feridos os alemães roubaram os equipamentos e as armas. Foi preciso haver este desastre para acabar com o referido posto.
20 - Seis (6) espiões fuzilados, 1 reforço de sargento e 14 praças do 21.
24 - Pelas 4 ½ ou 5 h foi este posto atacado por uma patrulha (calcula-se pelo rasto encontrado) mas certamente mais à retaguarda estaria mais gente, mas como o quadrado (5) abriu fogo não se atreveram a aparecer, pois que havendo uma pequena troca de tiros retiraram.
(Neste dia estava com febre)
28 - Pelas 23 h chegaram a este posto 2 peças 7cm m/82.

Macau 1906

JULHO
1 -
Vindo um comboio de viveres de Namôto para Nahcinamóco, foi este atacado por um bando de boches na langua…! grande, por meio de emboscada, mataram 5 carregadores e levando alguns géneros, como represália bombardeamos toda a margem direita do Rovuma fazendo incidir o fogo onde haviam habitações.
(Achava-me com febre)
12 - Estive com febre, temperatura 38,7 injecção.
14 - Estive com febre, temperatura manhã 39,8, tarde 38,4 injecção.
15 - Estive com febre, temperatura 40,2 manhã, 38,6 tarde injecção.
17 - Estive com febre, temperatura 35,7 manhã.
22 -Pelas 7 h houve revista sanitária às praças europeias existentes no posto, sendo relacionadas algumas praças para serem presentes à junta em Kionga, em virtude de ordem telegráfica. Os oficiais da 19ª companhia deram parte de doente com excepção do tenente Eusébio e alferes médico. Seriam 18 ½ h os alemães do posto fronteiriço ao nosso fizerem uso de um holofote demorando a luz do mesmo entre as vedetas nºs 3 e 4.
23 - Seriam 1,30 uma vedeta pressentindo inimigo deu 2 tiros como alarme, 2 faces do quadrado fizerem fogo talvez durante 5’ não havendo ferimentos.
24 - Pelas 9 h pouco mais ou menos apareceu na margem direita do Rovuma 1 preto agitando uma bandeira branca, avançando também oficial alemão que queria parlamentar com comandante do posto para entregar 2 cartas d’oficiais prisioneiros. Neste dia nada d’anormal.

30/31 - Nada d’anormal. Estive com febres.
AGOSTO
1 a 7 - Nada d’anormal. Estive com febre.
8 - Seriam umas 20 ½ h ouviram-se distintamente 3 ou 4 leões até às 2 h. Estive com febres, mas mais lentas.
9 - Seriam 21 h tornaram-se a ouvir os mesmos leões até de madrugada. Pouco mais ou menos a esta hora da margem alemã ouviram-se 2 tiros, havendo quem afirmasse que as balas tinham passado por cima do quadrado. Estive com febres, mas mais lentas.
10/11 - Febres lentas. Nada de anormal.
15 - Os alemães atacaram o comboio de viveres na langu… (!) do Namôto frente este posto, matando 1 soldado branco, 1 preto e carregadores ferindo vários outros pretos.
23 - Marchei de Nachinamóco para Namôto, seriam 12 h aproximadamente, chegando ao meu destino pelas 18 h bastante fatigado.
24 - Foi o posto de Nachinamóco atacado desde o escurecer até às 21 h.
26 - Saindo de Namôto um camion com doentes para Kionga, foi este atacado pelos alemães, atirando-lhe uma bomba que inutilizou o depósito de gusa… (!).
Depois desta data não foram encontrados mais detalhes na agenda. É provável que Alfredo Alves da Silva tenha feito o percurso inverso, Namôto-Palma-Porto Amélia, onde embarcou com destino à Metrópole, para fazer parte do Corpo Expedicionário Português a França, onde esteve com a sua bateria de artilharia de montanha (m/82).

* - Artilharia de Montanha esteve estacionada na Castelo de Abrantes e em Penamacor.**- Kionga ou Quionga, Namôto ou Namoto, Namaca, Nachinamóco ou Metchimo-Nachinomoca, Nhica, foram aquartelamentos e acantonamentos militares na foz e margens do Rovuma (Norte de Moçambique).
(1) - Vedeta (soldado combatente destacado num posto avançado com a missão de observar a aproximação do inimigo).
(2) - Adamastor (cruzador, navio de guerra português)
(3) - Chaimite (canhoeira, navio de guerra português).
(4) - Fábrica (fábrica alemã de preparação de algodão - África Oriental alemã).
(5) - Quadrado (aquartelamento militar com trincheiras, em forma de quadrado).

NOTA: A parte II deste Diário será publicado no mês de Janeiro 2010

ABRANTES DE ONTEM E DE HOJE... (III)

ESTA É UMA NOVA PÁGINA DE ABRANTES DE ONTEM E DE HOJE... PARA VER PARTE I E II CLIK NO LINK ABAIXO INDICADO:
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IGREJA DE S. VICENTE (Monumento Nacional) - Não sendo conhecida a data de construção da Igreja de S. Vicente, é no entanto conhecida a sua existência desde o Século XIII, data em que decorreram obras no templo. O aspecto que hoje apresenta foi-lhe dado no reinado de D. Sebastião (século XVI). No seu interior, além da “Arte Sacra” é de realçar o seu imponente “Órgão” e “dois painéis de azulejos com as naus de S. Vicente”. Segundo a lenda, os corvos acompanharam do Algarve a Lisboa a nau com os restos mortais do Mártir. “Para esta Villa veio um dente do dito Santo”. (Pg53 MHNVA)

ERMIDA DE S. JOÃO DOS BEM CASADOS ALFERRAREDE VELHA - ABRANTES

Por: José Manuel d’Oliveira Vieira, Doutor Joaquim Candeias Silva, João Luís e Manuel Martinho
(Publicado “Jornal de Alferrarede” Nº 267JAN2008) – Foi este artigo alterado para o blog “COISASD’ABRANTES”


O Padre António Carvalho da Costa (1712), autor da Corografia Portugueza e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal, com as noticias das fundações das Cidades, Villas, & Lugares…, no Tomo Terceiro, Capitulo VIII, diz existir na Vila de Abrantes as Ermidas de Santa Eyria, Santa Anna, Santo Amaro, S. Sebastião, N Senhora do Sccorro, N Senhora da Ajuda, N. Senhora dos Remédios, Santo André, N. Senhora da Graça, N. Senhora das Necessidades, N. Senhora do Bom Successo, & S. João dos Bem-Casados em Alferrarede.
Destas doze Ermidas, templos cristãos secundários, normalmente localizados fora das povoações, em lugares ermos ou inseridos em propriedades particulares, que se encontram referenciadas no Tomo Terceiro, muitas já não existem, outras encontram-se em ruína ou para lá caminham e muito poucas merecem algum cuidado dos seus proprietários.
Erguida no local onde parece ter tido início a verdadeira Alferrarede, hoje Alferrarede Velha, na Rua da Aldeia, situa-se a ERMIDA DE S. JOÃO DOS BEM CASADOS.
Quem por lá passa não se apercebe da sua existência. Muitos dos moradores de Alferrarede Velha simplesmente ignoram o local onde a mesma está localizada. A única entrada, que dá acesso à porta da “Ermida de S. João dos Bem Casados” encontra-se coberta de silvas o que impossibilita a entrada na Capela.
Saber se havia ou não algum altar, inscrições ou datas que nos digam o ano da sua construção e se alguma estatuária ou fresco do S João dos Bem Casados lá existia foi para nós impossível de conferir. Ao fim de muitas tentativas chegou no mês de Dezembro a oportunidade tão esperada. Um dia, o Director deste jornal, o Doutor Candeias Silva e José Vieira foram ao local e depararam com a impossibilidade de verem alguma coisa. Assim, o Director deste jornal, contactou com o proprietário do imóvel e este facilitou a visita ao local. Com a ajuda do Presidente do Centro Cívico João Luís, conseguimos através de escadas e pelos buracos do telhado entrar naquele espaço que está em perigo de derrocada total. Claro que ficámos elucidados mas desconsolados. A Capela foi há muitos anos atrás transformada em depósito de um lagar e lá estão ainda várias talhas de azeite vazias. Parte da estrutura já caiu e dentro da Capela com abóbada, não vislumbrámos nem pinturas, nem altares, nem azulejos, nem outras coisas mais. A ruína é, por assim dizer, total. No entanto, as nossas investigações jornalísticas que já decorriam há vários anos, acabaram por nos levar à imagem de S. João dos Bem Casados que está em local que não vamos aqui identificar, para que não aconteça nada de desagradável ao nosso património religioso que tão maltratado tem sido. Juntamos, pois, essa imagem de S. João dos Bem Casados, outras da parte da frente da capela, outra do interior e outra da vista geral exterior.
Num extenso artigo do Professor Doutor Joaquim Candeias da Silva, publicado em Novembro de 2003 no “Jornal de Alferrarede”, sob o titulo “Dois importantes santuários antigos na Freguesia de Alferrarede (Senhora das Necessidades e do Bom Sucesso)”, é referida a existência da Ermida dos Bem Casados e da imagem de S. João dos Bem Casados, em uma quinta pertencente a António Soares de Almeida, residente na Vila de Abrantes.
Saber que a Ermida de S. João dos Bem Casados, nasceu e está perto de uma Ribeira, no local onde Alferrarede ergueu as suas primeiras casas, foi para mim uma surpresa.
Desconhecida de uma grande parte da população a Ermida dos Bem Casados, situada na Rua da Aldeia, tem vindo desde algum tempo a esta parte a despertar a atenção de muitos curiosos que ali se deslocam.
Antes que a Ermida se transforme num monte de entulho e se perca mais um pedaço da história onde Alferrarede teve a sua origem, bem poderiam os autarcas locais e municipais providenciar para que “ERMIDA” fosse restaurada bem como o “LAGAR” ali existente, fazendo-se neste o “MUSEU DO AZEITE”.


ERMIDA S. JOÃO DOS BEM CASADOS - ALFERRAREDE VELHA

CASA/ERMIDA SENHOR/A DOS REMÉDIOS E REDUTO MILITAR

Artigo autor José Manuel d’Oliveira Vieira
(Publicado “Jornal de Alferrarede” Nº 269MAR2008)


Antigas cartas ou plantas militares do Reino de Portugal, são hoje cada vez mais imprescindíveis para localizar edificações ou monumentos, que o desleixo transformou num amontoado de pedras e o tempo fez desaparecer.
Nas plantas, mapas ou publicações elaboradas pelas gerações de outrora, quase sempre é possível encontrar ou vir a encontrar o tesouro que procuramos.
No Tomo Terceiro do Famoso Reino de Portugal (1712), Capitulo VII, a páginas cento e oitenta e seis e seguintes, dedicado à Vila de Abrantes, consta ter havido uma Ermida com o nome de Nossa Senhora dos Remédios.
Examinados alguns mapas e plantas da antiga Vila de Abrantes, do início do XIX, a Ermida de nossa Senhora dos Remédios encontra-se localizada nas cartas, mas não é mencionada nas legendas, ao contrário de todas as outras.
Se em 1801 e 1810, cartas e plantas da Vila a dão como Ermida, já em 1817, aparece na “Planta da Praça da Povoação d’Abrantes”, como “Reduto de Nossa Senhora dos Remédios”.

Entre 1801 e 1817, foi a Ermida Sª dos Remédios transformada em “reduto militar”. Atendendo à primeira e última data (1801/1817), não é de excluir, que a transformação desta Capela em reduto militar, tenha algo a ver com as invasões francesas. A ser assim (não querendo meter a foice em seara alheia), o local onde a Ermida dos Remédios teve assento, poderá ter desempenhado um importante papel na defesa da Vila de Abrantes.
Ao consultar a pasta onde se encontra o livro (1), que me poderia esclarecer sobre este assunto, fiquei a saber que: a “Ermida Senhora dos Remédios” era afinal “Senhor dos Remédios”.

Terá existido na Vila de Abrantes, outra Ermida dos “Remédios”?
Não havendo outra opinião, e, dando crédito a uma certidão (1), requerida pela Irmandade do Senhor dos Passos, na Vila de Abrantes, a de 13 de Maio de 1764, a Ermida chamar-se-ia efectivamente Senhor dos Remédios e apenas terá existido esta, de acordo com o titulo que se transcreve: “Titulo da cappela instituída por Manoel Dias Lopes na Ermida do Senhor do Remédios fronteira a Cadeia desta Vª.
E da mesma forma deixo à Irmandade do Senhor dos Passos desta Vª quatrocentos mil (r) em dinheiro, ou fazendas como melhor parecer a meos testamenteiros, para q. a dita Irmandade pelos rendimentos destes mande celebrar uma Missa em todos os Domingos, e dias Santos do ano pela minha alma, e da dita minha mulher na Capela do Senhor dos Remédios, q. tambem serve de Cas(sa!)(2), e fica fronteira a Cadeia Secular(3) desta Vª.; para que também os presos della tenham esse beneficio, e consolação, e a (…dª…) Irmandade fique mais aliviada da despesa, q. costuma fazer com as esmolas das Missas, q. na mesma Capella, e nos dias referidos manda dizer”

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“Assim consta da certidão, q. a (…dª…) Irmandade requereo, e se lhe mandou passar em treze do mês de Maio do anno de mil setecentos, secenta, e quatro; a qual se conserva no arquivo com os mais títulos”
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Da Ermida do Senhor ou Senhora dos Remédios nada resta senão um amontoado de pedras dispostas de forma circular, como se nos dissesse ter sido ali que teve assento a casa (!) Capela e Reduto Militar. Para melhor compreensão do lugar onde teve assento a Capela, veja-se parte de uma planta da antiga Vila de Abrantes (1817).

(1) AHCA “Capela de Nª Sr.ª dos Remédios 1795/1834”
(2) A poucos metros do local há vestígios de ali ter existido um poço, que serviria a casa/ermida ai existente.
(3) Em 20 de Julho de 1604, foram os presos Civis separados dos militares e transferidos para a nova Cadeia situada na Câmara. Por muitos e mais anos, continuou a cadeia do Castelo de Abrantes a albergar presos militares. Em 17 de Janeiro de 1812 o Coronel João Lobo Brandão de Almeida solicitou a D. Miguel Pereira Forjaz, o seguinte: “… para que me fossem enviadas as cem grilhetas...” … porem agora já não há mais meios se poder continuar, e como estão a chegar, continuamente sentenciados, aos trabalhos públicos; rogo a V. Ex.ª de ordenar, que me sejam enviadas, com toda a brevidade, a quantidade acima mencionada”.(AHM/DIV/1/14/097/237)
Foto: “Jornal de Alferrarede”

ABRANTES - CVTº DE SANTO ANTÓNIO

Artigo autor José Manuel d'Oliveira Vieira
(Publicado "Jornal de Alferrarede" Nº 268 FEV2008)
LOCAIS ONDE TEVE ASSENTO O
CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO DOS PIEDOSOS
1º CONVENTO
STº ANTÓNIO VELHO DA RIBEIRA DA ABRANÇALHA – N. SRª DA LUZ
Reinando em Portugal D. João III, D. Lopo de Almeida, 3º Conde de Abrantes, fundou, no ano de 1526, no sítio onde hoje se encontra a Ermida de Nossa Senhora da Luz, o primeiro Convento de Santo António dos Piedosos que se conheceu em Abrantes.
Ermida pequena, condições precárias, local insalubre, os Franciscanos após 45 anos de permanência no cimo da Ribeira da Abrançalha decidem procurar outro lugar.
Obtida em 1571 a licença de D. Duarte de Almeida, filho do 2º Conde de Abrantes, para vender a Quinta de Nossa Senhora da Luz de Santo António Velho da Ribeira da Abrançalha, os Frades mandam construir em “Vale de Rãns” outro Convento, rejeitando a oferta da população de Abrantes, de um terreno, dentro da Vila, próximo da Fonte do Ouro, situado no Largo de Stº António em Abrantes.
2º CONVENTO
QUINTA DA ARCA – VALE DE RÃS/CHAINÇA
O sítio que os Frades escolheram para o novo Convento foi na ribeira, chamada de Vale de Rãs, onde se dizia as bicas, por uma de muita água que, atravessando fazendas, corria para os olivais para benefício público. Com o produto da venda do Convento da N. Senhora da Luz, hortas e esmolas da população, comprou-se novo terreno e deu-se início à construção do segundo Convento de Santo António dos Piedosos, em Vale de Rãs, contra a vontade, já anteriormente manifestada dos moradores da Vila de Abrantes.
Possuindo melhores condições que o anterior, situado em terreno “plano”, dai chamar-se Chainça, foi então ordenada a transferência da Ribeira da Abrançalha, para a Quinta da Arca, em meados do Século XVI (1571).
Património classificado como valor concelhio (Decreto n.º 129/77, de 29 de Setembro), as ruínas do antigo Convento de Santo António ainda apresenta, traços visíveis do que foi a enfermaria, a hospedaria um dormitório (de que há paredes e janelas das celas), a sacristia, via-sacra e paredes da Igreja.
Enquadrado por habitações recentemente construídas, nos terrenos em redor do antigo Convento, ainda se pode ver o que resta do aqueduto que para ali conduzia a água.
Na Quinta da Arca, à semelhança do que aconteceu na Ribeira da Abrançalha, os Frades foram assolados por várias doenças.
Sem outras alternativas que não fossem os “chãos de Abrantes”, os Frades resolveram aceitar a oferta e construir no monte da Vila, o derradeiro e último Convento de Santo António.
3º E ÚLTIMO CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO
LARGO DE STº ANTÓNIO – ABRANTES
No dia 7 de Maio de 1600, o Bispo da Guarda, D. Nuno de Noronha, concedeu a mudança e também a trasladação dos ossos do Conde e Condessa, primitivos fundadores e os Religiosos falecidos, para o terceiro e último Convento de Santo António do Piedosos, construído em dois pedaços de terra, juntos à Fonte do Ouro.
No dia 15 de Maio de 1601, foi lançada a primeira pedra no alicerce da capela-mor do Mosteiro de Santo António, que se faz nos Barreiros, dizendo primeiro Missa de canto de órgão, e pregação em Santa Iria, e dahi fiserão Procissão aos alicerces.
O Convento foi renovado no ano de 1714, para cujas obras concorreram os moradores desta Vila e El Rei D. João V.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834 (ver caixa), o Convento ficou devoluto e as ruínas deste e as da Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco foram dadas à Câmara Municipal de Abrantes, por Carta de Lei de 10 de Janeiro de 1859. Demolido o Convento de Santo António restou uma cisterna que ainda se pode ver no sítio onde se erguia o definitivo Mosteiro.
Da Igreja de S. Francisco, que ficava pegado ao Convento de Santo António, sabe-se que teve princípio no ano de 1717 e que estava concluído em Sábado de Aleluia, 12 de Abril de 1721 e que neste dia, foi benta pelo Reverendo. A Fonte do Ouro e um poço que se situavam mais ou menos no local onde foi construída a Igreja de S. Francisco, devido à má qualidade da água, foram tapados.
Demolida a Igreja de S. Francisco, foi ali edificado, em 1880, o Matadouro Municipal. Desactivado, foi este transformado em Centro de Divulgação de Tecnologias em 22 de Novembro de 2001.
Fotos: “Jornal de Alferrarede”
Fontes:“Corografia Portuguesa do Famoso Reino de Portugal do Padre António Carvalho da Costa de 1712”. “Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes de Manuel António Morato e João Valentim da Fonseca Mota pg. 94/ 95/96”.

O Convento de Santo António e a Igreja de S. Francisco Após a extinção das Ordens Religiosas em 1834
No dia 20 de Março de 1834, António Joaquim do Couto e Abreu, João Freire Temudo Fialho de Mendonça, o guardião e o presidente do Convento de Santo António são presos por manifestarem ideias constitucionais. No 19 de Maio as tropas de D. Miguel, compostas por 3.000 homens, abandonam a Vila, encravando armamentos e destruindo munições. Levam como reféns o guardião e o presidente do Convento que libertam nas proximidades de Bemposta. Ainda no ano de 1834, no dia 26 de Julho, ficou estabelecido no extinto e arruinado Convento de Santo António o Hospital do Regimento de Infantaria Nº 18, aquartelado na Vila de Abrantes. O Corpo de Sapadores que também esteva aquartelado neste Convento deixou a Vila de Abrantes no dia 25 de Outubro de 1846. Em 1859, no dia 10 de Janeiro, são entregues à C.M.A. as ruínas do Convento de Santo António e da Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, que toma posse delas em 9 de Dezembro. Em 1860, o matadouro municipal deixa de funcionar no Forte de S. Pedro e passa a ocupar a Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco, no local onde hoje se encontra o Edifício Pirâmide – Centro de Divulgação de Tecnologias de Abrantes (Cronologia de Abrantes do Século XIX pg.36/37/63/82/86, de Eduardo Campos).

FORAL DA RIBEIRA GRANDE - AÇORES DADO EM ABRANTES NO ANO 1507

Artigo autor José Manuel d’Oliveira Vieira
(Publicado "Jornal de Alferrarede" Nº 264OUT2007)

A fome, a seca e a peste assolavam Portugal, quando D. Manuel I instalou a sua corte em Abrantes.
Num período não muito longo, entre 1506 e Outubro de 1507, durante a estadia da corte de D. Manuel em Abrantes, aqui foram criados documentos unificadores de carácter estatal que tiveram repercussões em lugares tão distantes como os Açores.
A Festa do Foral, que se realiza anualmente na Cidade da Ribeira Grande, Açores, proporciona aos visitantes um recuo no tempo, transportando-os à época medieval, com torneios a cavalo, mostra de armas, venda de escravos, comes e bebes, ofícios, falcões e cobras.
Com este regresso à época de quinhentos, alguns ribeiragrandenses mais novos, prováveis descendentes de abrantinos que ali desceram em 1508 (a), os que ali se fixaram recentemente e os visitantes, ficam a saber ter tido origem em Abrantes, no dia 4 de Agosto de 1507, o Foral que elevou o povoado da Ribeira Grande a “Vila”, deixando esta de estar sob a jurisdição da vila de Vila Franca.
A tenacidade e preserverança deste povo dos Açores levaram a que El-Rei D. Manuel I, a partir de Abrantes, atribuísse “Foral” à Ribeira Grande.
Desconhecido o paradeiro do documento original, com a real concessão de aforamento, Daniel de Sá, escritor, e o pintor Gilberto Bernardo (Açores), fizeram a reconstituição do Foral Manuelino.
Pelo significado que tem para conhecimento da "história local de Abrantes", transcreve-se o seu texto:
"Dom Manuel, por graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves de aquém e de além mar em África.
A quantos esta nossa carta virem fazemos saber que havendo nós respeito ao que nos enviaram os moradores do lugar da Ribeira Grande, na nossa ilha de São Miguel, por Lopo de Ares, e por aquele lugar ser já muito povoado como por ter muito boa água da ribeira e pelos muitos rendimentos com que dele os moradores acrescentam a nossa Real Fazenda, e porque nos praz de vontade própria assim fazê-lo, temos por bem e por razão prover de maneira que se faça como serviço de Deus e nosso bem e dos moradores do dito lugar da Ribeira Grande.
E como por ser tão longe da vila de Vila Franca de que até ao presente era termo e jurisdição, e por dele a ela haver assim grande distância de caminho com que os moradores recebem grande fadiga e opressão em serem a ela súbditos e sujeitos por haverem de ir cada dia tão longe pelas coisas da justiça: Temos por bem e fazemos do dito lugar da Ribeira Grande vila e que para sempre assim seja.
E a tiramos e desembargamos de ser do termo da dita Vila Franca e de sua jurisdição como até ora foi.
E lhe damos por termo uma légua ao redor, contada do pelourinho por todas as partes em redondo.
E havemos por bem que faça seus oficiais na maneira que os fazem as outras semelhantes nossas vilas semelhantes a ela e mais não obedeçam os seus moradores à dita vila de Vila Franca porque de toda a sujeição a ela os havemos por livres e desobrigados.
E mandamos ao nosso capitão e oficiais da Vila Franca que os hajam disso escusos e mais não os constranjam como moradores do seu termo pois o não são.
E fazemos jurisdição sobre si, e queremos e determinamos que daqui em diante o dito lugar da Ribeira Grande seja vila e assim como o é a dita Vila Franca. E paz-nos que fique em todas as vizinhanças e liberdades que tinha com a dita de Vila Franca, e quaisquer outros privilégios que tivesse por ser termo da dita vila.
E se aqui falecem outras cláusulas e solenidades de direito nós lhas havemos aqui por postas e expressas e declaradas.
E porém mandamos aos moradores das outras vilas, e a quaisquer outros juizes, justiças, oficiais e pessoas a que esta carta for mostrada e o conhecimento dela pertencer que a cumpram e guardem, porque assim é nossa mercê e vontade de fazer o dito lugar vila, como dito é e queremos que assim seja.
E por certidão e firmeza disso lhe mandamos dar esta carta por nós assinada do nosso selo pendente.
Dada em Abrantes a 4 dias do mês de Agosto. Afonso Mexia a fez, ano de mil e quinhentos e sete anos".

No reinado de D. Manuel I, muitos foram os documentos (conhecidos), dados no Paço de Abrantes: cartas, alvarás, cartas de “Dom”, cartas de “poder”, cartas de quitação e o “Foral” da Ribeira Grande.
A curiosidade e confessada ignorância sobre tal matéria, levou-me a solicitar à Câmara Municipal da Ribeira Grande auxílio sobre a história do “Foral”, para posterior publicação no “Jornal de Alferrarede”.
Recebida a “Revista da Câmara Municipal da Ribeira Grande”, com a história da então Vila e cópia da reconstituição do “Foral”, eis a mesma a ser partilhada com os nossos leitores. Na Praça Raimundo Soares Nº 15, 16 e 17, situava-se o antigo Paço Real (ver foto início página).

(a) Abrantes na Expansão Ultramarina – Subsídios Históricos (1415-1578) de Joaquim Candeias da Silva, pg.73.
*Agradecimentos: à Câmara Municipal de Ribeira Grande, Açores, por ter disponibilizado a Revista “500 Anos de História da Ribeira Grande”, enviada ao autor para publicação no “Jornal de Alferrarede” e á Dr.ª Filomena Martins, por nos ter informado relativamente há existência deste foral dado em Abrantes.

ABRANTES - 25 DE NOVEMBRO 1975

Por: José Manuel d’Oliveira Vieira
(Artigo Autor publicado "Jornal de Alferrarede" Nº 265 de Novembro de 2007 - alterado para este blog)

Em Outubro de 1975, um pouco por todo o lado, a palavra “guerra civil” era uma constante entre civis e militares. De Outubro a 25 de Novembro de 1975, muitos foram os acontecimentos que por pouco não degeneraram num conflito de consequências imprevisíveis, opondo famílias contra famílias, militares contra militares, tudo por culpa de uma tremenda desorganização vivida na sociedade portuguesa.
Embora a história sobre o 25 de Novembro centralize os acontecimentos noutros locais que não Abrantes, esta cidade também viveu os dias anteriores e posteriores ao 25 de Novembro com os nervos à flor da pele.
Comissões de soldados, de moradores, trabalhadores, uns mais radicais que outros, todos, davam a sua opinião sobre o que se devia ou não fazer.

Grupos civis politicamente bem referenciados pretendiam controlar militares incentivando-os a aderir à sua causa.

De entre o pouco que é contado e o muito que se sabe acerca de todo este processo revolucionário recordo:
Desta cidade saiu para Monte Real um emissário tentando demover a ocupação da Base. Na tentativa de arrefecer ânimos exaltados pelo extremismo vivido, foi colocado nas caixas do correio e espalhados nas ruas de Abrantes e no Quartel (RIA), um manifesto que denunciava as manobras de falsos revolucionários que pretendiam arrastar para situações de confronto civis e militares.


Na curva do paiol (próximo do hospital), a intercepção de uma viatura civil com militares á civil e armados, foi impedida de prosseguir a sua marcha, evitando-se assim alguma acção menos pensada.
Comandante, Oficiais e Sargentos varriam o Quartel, Presidente da Câmara e Abrantinos varriam as ruas de Abrantes.

Procurar armas numa residência em Abrantes, propriedade dum simpatizante de um dos lados da causa, só não foi executada, por garantir conhecer bem o proprietário e ter a certeza de que além da participação e euforia vivida nos comícios, não possuía qualquer arma ou explosivo em casa.
A quebra de selos dum camião TIR, no Rossio ao Sul do Tejo, pensando que o mesmo transportava armas ou explosivos, só não foi executado porque ninguém desejava ser responsável.
Um canhão sem recuo e sem percutor.
Uma enfermaria com armas debaixo dos colchões.
Um hotel a servir de quartel-general aos revolucionários (burgueses).
A expulsão dos locais ocupados pelos S.U.V. às duas da madrugada.
A Central telefónica e os explosivos.
A vigilância feita ao R.I.A. por civis de binóculos empoleirados nos eucaliptos.
Período conturbado, caracterizado por uma certa anarquia no Governo, Forças Armadas e sociedade, a violência só não teve lugar em Abrantes por ter imperado o bom senso das forças moderadas.
Trinta e dois anos depois do 25 de Novembro de 1975, recordo estas pequenas histórias que podem ser contadas… Um dia, outros intervenientes, poderão relatar outras histórias… outros factos…

ABRANTES DE ONTEM E DE HOJE... (II)

A TODOS OS QUE SE INTERESSAM EM SABER COMO ERA "ABRANTES DE ONTEM E DE HOJE...
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JARDIM DA REPÚBLICA - Chamou-se Terrado da Feira e Largo da feira. Aqui se faziam corridas de touros (existem fotos da época). Em 1863 passou a designar-se por Praça do Príncipe Real D. Carlos Fernando. Em 1910, passou a designar-se Jardim da República. Nas fotos. pode ver-se o "coreto", uma "vista do largo" o antigo "Regimento de Infantaria Nº 2" e um típico "quiosque", bem perto do lugar onde actualmente se encontra um bem mais moderno. No lugar onde foi contruído o "coreto", existia um poço. Com a demolição do "coreto", foi ali erguido o "Monumento aos Mortos da Grande Guerra", inicialmente projectado para o Outeiro de S Pedro.

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AVENIDA 25 DE ABRIL (I) - Ontem Estrada Nacional 2-4, hoje Av. 25 de Abril por deliberação da Câmara Municipal de Abrantes em reunião de 2 de Outubro de 1974. No que ontem era uma pequena quinta, um alferrabista e uma estação de serviço foi construído um conjunto de edifícios designado por Largo do Chafariz.
AVENIDA 25 DE ABRIL (II) - Era uma das muitas tabernas existentes em Abrantes. O seu proprietário "Manuel da Praça" era um conhecedor profundo das plantas medicinais. O edifício onde servia as refeições foi demolido: no seu lugar foi construído o Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa.

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RUA DE Nª Sª DA CONCEIÇÃO (Antiga Rua do Cabo) - Era uma ribanceira antes de ser construída a muralha que se vê na foto à esquerda. No local, foi edificado propositadamente para o fim a que se destinava o Grémio da Lavoura de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação. Inaugurado a 24 de Janeiro de 1961, o edifício actualmente alberga o Serviço de Finanças de Abrantes.
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ESPLANADA 1º DE MAIO - Neste Largo encontra-se actualmente: Tribunal e Posto de Turismo de Abrantes, um quiosque para venda de jornais/revistas e ainda a praça de Táxis. Outrora (1817) existia uma frente de “fornos” no local. Após obras (foto esq.), passou a realizar-se a feira anual e o mercados semanal. Anteriormente a Feira de S Matias era realizada no largo onde se encontra o Monumento aos Mortos da Grande Guerra. Em 1941 teve este local o nome de esplanada Dr. António Augusto Silva Martins. Actualmente designa-se Esplanada 1º de Maio desde 1976.
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LARGO DE STª ANA I - Ruas Actor Taborda e Marquês de Pombal. Na bifurcação destas duas artérias a dar para o Largo de Stª Ana, pode-se ver (ao centro), o edifício onde, em 1884 Alfredo A. das Neves Holtreman estabeleceu a Tipografia Abrantina e publicado o independente “Jornal de Abrantes”. Veja-se nas fotos o referido prédio (nº 2) antes e em demolição.
LARGO DE STª ANA II - No local onde funcionava a Tipografia Abrantina, antiga Rua da Corredoura, actual Largo de Stª Ana, nasceu o prédio que se vê na foto de hoje.... Como curiosidade refira-se que o Dr. Alfredo Augusto das Neves Holtreman, 1º e único Visconde de Alvalade, fundou no nº 2 da antiga casa (demolida), o “Jornal de Abrantes”. Este ilustre bacharel, formado em direito, abastado proprietário, foi quem cedeu o terreno onde foi talhado o primeiro campo de jogos do Sporting Clube de Portugal, foi presidente da primeira direcção do clube e fez parte do núcleo dos seus fundadores.
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CONVENTO DA GRAÇA (I) - Foi Rua da Graça por aí se encontrar o Convento de N. Sr.ª da Graça. Tanto quanto se sabe, foi este Convento concluído no ano de 1548.
Em sessão da C.M.A., no dia 26 de Agosto de 1908, passou a rua da Graça a designar-se por Rua 17 de Agosto de 1808, por ser esta a data que assinala a expulsão das tropas francesas que ocuparam Abrantes em 23 de Novembro de 1807.
(Topónimia Abrantina – Eduardo Campos)
CONVENTO DA GRAÇA (II) - Em 1941, o Dr. Rogério Ribeiro fez um desenho que nos mostra o aspecto que teria o Convento de Nossa Senhora da Graça, antes da sua demolição.
Poucas ou nenhumas fotos existirão deste Convento. A única referência fotográfica conhecida deste Mosteiro é a que se encontra em antigos postais de Abrantes, como o que se encontra à direita da Placa Toponímica.

LIGA DOS AMIGOS DE ABRANTES

Por José Manuel d'Oliveira Vieira
LIGA DOS AMIGOS DE ABRANTES
“TRÊS HOMENS… TRÊS DEDICAÇÕES”

Após a aprovação do Estatutos em 10 de Novembro de 1949, pela comissão organizadora da Liga dos Amigos de Abrantes, tomaram posse no Salão Nobre do Montepio Abrantino (cedido para o efeito) os primeiros directores, os senhores Rogério Ribeiro, licenciado em farmácia, Roberto Palma, industrial de ourivesaria e Humberto Inácio Ferreira, chefe aposentado dos serviços dos C.T.T.
Em 30 de Junho de 1950, a Comissão Organizadora entregou os seus poderes à primeira Direcção assim constituída: presidente, Major António Joaquim de Oliveira Bandeja, secretário, Humberto Inácio Ferreira, tesoureiro, Joaquim Montes Alves, vogais, Rogério Ribeiro e Manuel Rodrigues Paquete Machado.
Estes esforçados elementos directivos, numa verdadeira comunhão de ideias, vêm prosseguindo activamente no desenvolvimento e progresso do concelho, em benefício do qual consagram os seus trabalhos. Nesse sentido, impõem como meta chamar a atenção dos portugueses para as maravilhas que o concelho de Abrantes encerra, quer do ponto de vista paisagístico, quer histórico.
Um dos primeiros cuidados da Liga dos Amigos de Abrantes foi elaborar bons prospectos de propaganda regional que espalhou pelo País inteiro, chamando a atenção para a “Cidade Florida”, título com toda a justiça conquistada há anos, devido à formosura inigualável dos seus jardins.
A forma como os dirigentes da L.A.A, propagaram por todo o País a sua terra incluiu Abrantes nos itinerários nacionais, aumentado assim o número de forasteiros a visitar a cidade.
Embora já tivesse existido em Abrantes, no ano de 1887 uma “Biblioteca Popular”, mais tarde “João de Deus” e anos mais tarde (1889) ter sido criada a “Biblioteca Escolar de S. Vicente”, a Liga dos Amigos de Abrantes faz nascer um novo conceito de leitura ao “ar livre”. Assim, em 1951, conjuntamente com o concur­so da JANELA MAIS FLORIDA, inaugurou-se no Jardim da Pra­ça da República a "primeira Biblioteca Popular ao ar livre", com a presença do Exmº Presidente da Câmara, entidades oficiais, enquanto a Banda da Sociedade Instrução Musical, tocava núme­ros do seu repertório.Não tendo sede própria, decididos a promover mais e melhor o progresso da sua terra, no mês de Julho do ano de 1953, a L.A.A. instala-se na Rua Dr. Martins de Carvalho nº 1-A, sua primeira sede. Anos mais tarde muda-se para a sua 2ª e última sede, na Praça Raimundo Soares, onde prematuramente terminou os seus dias... Exposições de fotografia, pintura, serões de arte, feiras, passando por lições de cultura geral proferidas por pessoas expressamente convidadas, de tudo um pouco esta Instituição Abrantina realizou em prol da sua terra. A extensa e longa lista de actividades da Liga dos Amigos de Abrantes durante a sua actividade são infindáveis.
Tendo por lema “TUDO POR ABRANTES”, esta prestigiada instituição abrantina que arrancou com cerca de duzentos sócios, espalhados pelo País, Colónias e Estrangeiro, acolheu no seu seio toda a gente, independente do credo político e religioso, que tivesse como intenção fomentar o progresso da cidade numa atmosfera de entusiasmo e concórdia que em 2 de Fevereiro de 1980 se propunha atingir os mil sócios, já não existe.
Não existindo L.A.A., desconhecendo-se onde encontrar o seu espólio: livro de actas, biblioteca, quadros, mobiliário, Noticiários da Liga, será pois, impossível refazer a sua história.
Para que a história da Liga dos Amigos de Abrantes não seja esquecida, ficam as fotos possíveis de um passado recente, obra de Rogério Ribeiro, Roberto Palma e Humberto Inácio Ferreira (“TRÊS HOMENS… TRÊS DEDICAÇÕES”). NOTA: Se alguém souber onde encontrar o espólio da L.A.A. e quiser ajudar a reconstruir a sua história, contacte: jose.vieira.abt@gmail.com