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ABRANTES - MONUMENTO AO MORTOS DA I G.G.


MONUMENTO AOS MORTOS DA I.G.G
I
Abrantes - Maquete  em escala reduzida do Monumento aos Mortos da I Grande Guerra que esteve para ser construído no Outeiro de S. Pedro
Abrantes - Inauguração do Monumento aos Mortos da I Grande Guerra construído no Jardim da Republica
Neste Blog pode ver: "História da Liga dos Combatentes de Abrantes", capítulos I, II, III  em Junho de 2008, capítulos IV, V, VI em Outubro de 2008, capitulo VII em Janeiro de 2009 e o VIII e último capitulo em Fevereiro de 2009.
II
MONUMENTO AOS MORTOS DA I.G.G
(PARA A HISTÓRIA DO M.M.G.G. 1914/1918)
     Tudo quanto esteja relacionado com a descoberta do passado e daqueles que contribuíram para erguer, projetar e esculpir os nossos monumentos, é sem duvida o acrescentar de mais uma página à já nossa longa História.     
        O Núcleo da Liga dos Combatentes de Abrantes, tem tido nos últimos anos, uma ação bastante meritória, ao tentar recuperar e restaurar para a “família” dos Combatentes, a Sede do Núcleo e a Estátua do Monumento aos Mortos da Grande Guerra 1914/1918.
         Só possível em cooperação com a C.M.A., Junta de Freguesia de S. João e Escola Superior de Tecnologia de Tomar (área Conservação e Restauro), estas obras, há muitos anos esperadas, serão certamente, para alguns um engulho para o qual não estavam preparados.
        Símbolo maior de todos os Combatentes, a escultura de Rui Roque Gameiro, falecido em 1935, revelou-nos o que faltava saber: a data da conclusão do Monumento.
        Na cabeça da estátua, durante a preparação para intervenção de restauro foram encontradas, gravadas no cimento, duas datas idênticas: 29-4-1940 (fig.1).
        As datas agora encontradas eram desconhecidas, sendo no entanto habituais fazerem-se após a conclusão de qualquer obra.
        Assim, até prova contrária, pode-se dizer com alguma segurança: o Monumento começou a ser construído em 16 de Outubro de 1939, foi concluído em 29 de Abril de 1940 e é inaugurado no dia 4 de Junho de 1940.
 fig. 1
III

ARRANCAR UMA PÁGINA Á HISTÓRIA DE ABRANTES
             No dia 20 de Junho de 1948, esteve em Abrantes uma significativa caravana do Sport Lisboa e Benfica, associando-se ao 32º aniversário do Sport Lisboa e Abrantes”*.
            Para comemorar o facto, foi colocado na base do Monumento aos mortos da Grande Guerra 1914/1918, uma placa com a seguinte inscrição (fig. 1)
“DIA DO BENFICA EM ABRANTES
Homenagem da C.A.
Ao
S.L. e Benfica 20/6/1948”
            Após cinquenta e oito anos, no dia 30 de Setembro de 2006, foi descerrada no mesmo local uma placa que assinala o restauro de um monumento digno de perdurar e lembrar o sofrimento dos homens de antanho (fig. 2).
            Mudam-se os homens, mudam-se as vontades.
            O que nunca poderá ser mudado é o dia de ontem!... O evento de 1948, além de assinalar a passagem dos visitantes por Abrantes, foi uma homenagem da “Cidade Florida” (C.M.A.), tendo os mesmos sido presenteados com um magnífico painel, gigante, térreo, com o emblema do clube – feito de flores.
            Mudam-se os homens, mudam-se as vontades.
            A “placa” do evento foi retirada do local onde se encontrava.
            Quem assistiu ao programa “A Alma e a Gente”, do Prof. José Hermano Saraiva, RTP2, no dia 1 de Outubro, bem poderia ter aprendido como História e jogar à bola, fazem parte da memória coletiva de uma Nação.
            Depois de ver e ouvir atentamente o professor e historiador José Hermano Saraiva, prelecionar sobre o “Club Internacional de Football” lembrei-me de ter visto em tempos a fotografia de um combatente da Grande Guerra 1914/1918, envergando a camisola desse clube (3). Refiro-me como é evidente ao Dr. António Augusto da Silva Martins, campeão internacional de tiro, cuja estátua se encontra no Jardim do Castelo.
            Mudam-se os homens, mudam-se as vontades.       
            Retirada a placa do evento tido em 1948 e que a Câmara ali mandou colocar no dia 20 de Junho, pergunta-se: será que quem mandou retirá-la tem esse direito. Será que quem o fez não gosta do Benfica? Será que a placa esteve ali colocada 58 anos e não deveria ter estado?
            Como irão ser lembrados, no futuro, os acontecimentos de hoje se o “homem” tirasse não uma, mas todas as placas colocadas pelas entidades oficiais em cerimónias oficiais?
            O monumento é público. A vontade de uma “pessoa”, não pode, de forma alguma, alterar ou rasgar uma página da História de Abrantes.
            Estou convencido de que a entidade oficial ou tutela responsável desconhece tal acontecimento.
            Se assim for, voltar a colocar a placa, no seu devido lugar, é salvaguardar uma parte do nosso passado que se quer por inteiro e não aos bocados.
*Cronologia de Abrantes no Século XX – Eduardo Campos

fig. 1
fig. 2
fig. 3
IV
“DOIS EMBLEMAS”
O autor deste pequeno apontamento: Antigo combatente (Angola/Moçambique/Adepto  do Sporting)      
“ARRANCAR UMA PÁGINA À HISTÓRIA DE ABRANTES”, levantou alguma polémica, a que infelizmente assisti.
         Os que não sabiam da existência da placa do Benfica na base da estátua dos “Combatentes da Grande Guerra 1914/1918”, nem sabiam a razão porque lá foi colocada há 58 anos, indignaram-se e não aceitam o veredicto.
         No dia 10 de Novembro, durante a cerimónia do “Armistício”, assisti àquilo que se pode chamar de “pura hipocrisia”.
         Alguns ex-combatentes que continuam a manifestar o seu desagrado pela retirada da “dita”, confrontados com os que acham por bem retirar a “mesma”, por conveniência, “viraram ali mesmo a casaca”.
         Existindo desde 1916 em Abrantes, uma filial do “S.L.B.”, já alguém questionou a razão porque não foi colocada na sede a “placa” em 1948 e antes foi colocada no monumento?
         E se a “placa”, tivesse sido uma homenagem aos “Combatentes da Grande Guerra”! Recolocavam-na novamente no local?
                Apercebi-me durante a cerimónia do que estava a acontecer e sabendo da existência desta foto ofereci-me para fazer este apontamento e assim poder mostrar às pessoas que estavam contra a publicação da notícia (Jornal de Alferrarede Nº 254DEZ2006 - agora atualizado para este BLOG), e a qual fez mexer a consciência a muitas pessoas.
         Afinal, algumas pessoas só agora, passado mais de meio século, ficaram a saber que estava lá uma placa do Benfica no monumento.
         Para verem que “Monumento” e “Placa” sempre conviveram em harmonia, eis uma foto* (inédita), onde se pode ver (círculo tracejado), o emblema e uma placa térrea em flores, com o emblema da “Liga dos Combatentes”, feito expressamente para comemorar o “Dia do Armistício”.
 
Placa ajardinada: emblema da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, mandada executar pela C.M.A., elaborada pelos jardineiros da C.M.A. (desenho de José António Vieira (meu pai) e Simão Vieira (meu avô)  *Negativo da foto de Carlos Vieira Dias.
Nota: O emblema do Benfica encontra-se na Sub-Agência da Liga dos Combatentes de Abrantes. A  placa com os dizeres: “DIA DO BENFICA EM ABRANTES - Homenagem da C.A. - Ao - S.L. e Benfica 20/6/1948”, foi encontrada no chão do jardim por um comerciante de Abrantes que (segundo me confidenciou) a entregará se caso queiram colocar o emblema no respectivo local onde foi retirado.

AZENHAS DO TEJO
Por José Manuel d’Oliveira Vieira
            À época medieval o grande número de engenhos de moagem construídos no Rio Tejo – Abrantes, contribuíram significativamente para a economia deste concelho.
            Em atenção aos serviços pelos antepassados de D. Lopo de Almeida (1468), “foi permitido, tanto ele como a seus herdeiros e sucessores, que fizessem no Rio Tejo, em Abrantes e todos os seus termos, tanto numa como noutra margem, quaisquer engenhos de moendas que lhes aprouvesse asy sobre barquas, como por qualquer maneira”.
            A construção de uma moenda=(moinho)(a) dependia essencialmente de um local apropriado para apoiar o engenho. Nas margens do Tejo, entre Alvega e Rio de Moinhos não era muito difícil encontrar um penedo onde apoiar um moinho.
            Para os historiadores fica o aprofundar da história das modalidades dos contratos, das azenhas, moinhos ou moendas como cada um queira designar.
            Este trabalho destina-se única e simplesmente dar a conhecer os engenhos de moagem e respectivos detentores, no século XVI(b), bem como algumas fotos de locais onde outrora existiram alguns desses moinhos: 
Data
Beneficiário
Engenho
Local
14-7-1496
Mecia de Queiros, mulher d fernão Pereira, escudeiro de D. Afonso V
azenha
Abrantes
28-5-1522
Francisco Álvares
azenha
Abrantes
22-2-1528
Jorge Ferreira, filho de Mecia Queirós
azenha
Abrantes
8-7-1540
Francisco Ferreira
azenha
Abrantes










Alvega - local ainda reconhecível onde existiu um moinho no Rio Tejo

Abrantes 2015 – vestígios de dois moinhos junto à ponte rodoviária


Abrantes 2015 – repare-se no quebra-mar com a finalidade de aguentar a pressão da corrente a montante

(a)Moenda, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa.
(b)Documento das chancelarias régias.